segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Era dos mortos

Fevereiro de 2011.

Carnaval chegando e a morte já esta atacando.

Como meu trabalho diário, eu ligo para as funerárias e busco os óbitos do dia.

Até ai tudo certo, o mais incerto é a quantidade de almas que foram levadas nessas últimas semanas.

E o espanto não é só meu, os agentes funerários também estão impressionados.

O que anda acontecendo por aqui?

Ai na lua anda tudo bem? Em Marte também?

Por aqui a coisa ta preta, sim senhor seu Chico Buarque de Holanda.

Nasce um, morre três, e não é apenas “morte natural”, pessoas têm se tirado a vida no ápice dos seus vinte e poucos anos.

Adolescentes perdem o melhor da juventude em curvas nas rodovias mais escuras da serra.

E me pego pensando em como seria meu próprio funeral, e isso não é nada agradável.

Não sou Deus, não posso decidir isso, mas tem muitos que decidem sim, mas apontar uma arma para mim mesma seria muita arrogância da minha parte, não seria tão covarde assim.

A vida e suas surpresas, a morte e suas certezas.

Apenas fotos pra lembrar de pessoas que algum dia deram um sorriso sincero, que foram amadas e amaram profundamente.

Apenas lembranças, apenas memórias, que algum dia também vão se transformar em pó.

Mas o Carnaval vem aí, e mais uma carnificina será mostrada a imprensa, mas só depois que a maior festa “cultural” brasileira acabar, aliás, ninguém quer estragar a festa dos foliões, não é mesmo?

O restante da desolação humana vem depois de nove meses, mas até lá, muitos mais terão perdido a vida mesmo, nem podemos nos estressar com isso.

¬¬

A felicidade invejável

Em conversa com um amigo pelo MSN, ele me falou algo que fiquei impressionada.

-Bruna, sua felicidade constante é invejável, você está sempre de bem com a vida.

Fiquei atônita na frente do computador, estagnada com aquilo.

Será que sou esse monstro mesmo? Ou essa felicidade constante é um bom sinal?

E agora minha felicidade e alegria viraram motivos de inveja.

Gosto de pessoas que são um pouco mal-humoradas, que demonstram suas tristezas e sua raiva.

Mas eu não consigo ser assim transparente, e essa nem é a questão, mas é muito difícil me tirar do sério.

A felicidade não vem com manual de instruções, mas é mais fácil invejar a felicidade alheia, é mais fácil ficar se perguntando como seria se eu fosse mais feliz, pois a grama do vizinho é sempre mais agradável.

A busca pela felicidade é uma corrida contra a vida, pois felicidade não existe.

O que existe são momentos felizes, juntamente com sentimentos de alegria e amor, e até mesmo de solidão, porque não?

Mesmo a felicidade não andando ao lado da solidão.

Como dizia Tom Jobim:

“É impossível ser feliz sozinho!”

E ainda tem a audácia de me perguntar na mesma conversa:

-Qual é a formula da felicidade?

E como eu posso saber?

Eu posso ter vivido muito pouco, e nem ter passado pela minha 20ª primavera, mas passo por dificuldades, choro, brigo, sou frágil, tenho TPM, sou sensível.

Uma pessoa sem frescura, não reclamo de uma unha que quebrou, nem porque o tempo está feio, e durmo tranquila, mesmo tendo brigado com o namorado, ou com uma amiga.

Não me estresso com coisas supérfluas. Esse talvez seja o meu segredo, minha fórmula mágica, ser simples, ser calma demais, e não invejar a vida boa que leva o próximo.

A raiva está enclausurada em mim, mas só a mostro em ocasiões especiais, a tristeza também assola esse coração muitas vezes gélido, mas o sorriso me abre mais portas, me deixa mais bonita e mais viva.

Por que de mortas chegam minhas células que demoram pra sair.

Não invejem minha felicidade, pois eu estarei aplaudindo de pé quando a sua felicidade resolver aparecer.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Gurias rebeldes?!

O rumo que a vida segue muitas vezes me assusta.
Os caminhos que ela traça me surpreendem.
Ontem, um sábado quente, com um tempo bom, acordei tarde, e fui dar uma voltinha de moto, como de costume.
Passei por uma rua distante da minha, e encontrei uma amiga que estava indo fazer um passeio com outras amigas de moto para uma cidade vizinha.
A probabilidade de isso acontecer é meio remota, mas me aventurei.
Como a adrenalina está no meu sangue, não hesitei em aceitar o convite.
Fomos, meninas do asfalto, voando em duas rodas, o vento batendo no rosto, o companheirismo, a fidelidade, o carinho e o amor pelo mesmo meio de locomoção.
Nos unimos e fomos, cortando a rodovia, desarrumando o cabelo.
Aventura maior foi a volta á Bento Gonçalves.
Chuva, muita chuva batia em minha viseira, os pingos batiam no peito e eram como flechas.
Mas o prazer da viajem foi maior do que o medo da chuva.
Nestes simples momentos, de alegria e descontração, nos descobrimos uma nas outras, desde ter dividido o mesmo garoto algumas vezes, ou histórias como estudar juntas desde cedo, muito cedo.
O que nos une são sentimentos parecidos, mesmos dilemas, e isso junta o universo inteiro.
Não acredito nos 'opostos se atraem'.
Eu não gosto de ficar perto de alguém que pensa o contrário que eu, a não ser se eu realmente quiser discutir, teimosa que sou.
Mas apenas gostaria de compartilhar esse sentimento gostoso que vivi ontem.
E afirmar que a vida pode até ser mais perigosa que á morte, mas é muito mais interessante.
Viver ao extremo, correndo até a morte, pois é para isso que vivemos, para morrer.
Momentos assim, vividos ontem, que me provam o quão é bom viver, e que a felicidade é simplicidade, nada á mais que isso!
(:

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Inevitável não gostar!

Sempre quando me falavam em paixão, eu sorria com um sorriso amarelo, sem graça, por nunca ter vivido tamanha intensidade.
Quando me falavam em frio na barriga, eu pensava em montanha russa, mas nunca no beijo verdadeiro.
Quando me falavam em coração disparado, eu já pegava o celular para ligar para os bombeiros, a pessoa estava tendo um ataque cardíaco!
E sobre amor a primeira vista?
Nunca, isso é utopia barata para propaganda de dia dos namorados de uma famosa marca de perfume.
Duvidamos de tudo, nos achamos superiores, nos achamos fortes e blindados à qualquer sentimento sincero e repentino que possa surgir na nossa frente e abalar nossos corações de pedra.
Até que isso bate na porta do coração, entra pela janela da alma, e nos inunda de emoções avassaladoras e nos deixa em êxtase.
Isso se chama paixão, e agora meu sorriso é de alegria, por sentir na pele um dos sentimentos mais agradáveis possíveis.
Agora estou vivendo seguidamente em um parque de diversões, e o frio na barriga é inevitável.
O coração disparado é consequência de algo que é bem maior do que eu imaginei.
E amor à primeira vista nada mais é do que o lugar certo, a pessoa certa, e a hora certa!
E se isso tudo é utopia, quero viver na fantasia para o resto dessa pacata vida, e que ele esteja presente, e dure o quanto tiver que durar.
Que dure enquanto existir esse sentimento, e que acabe antes que eu morra, pois jamais morrerei em paz, com tanto sentimento no coração!

Tom s2

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O amor como um vício.

Vi o trailer do mais novo filme do diretor Edward Zwick, um drama que me chamou a atenção logo de cara, pelo seu título.
"O amor e outras drogas."
De momento, associei como de costume, o amor à um vício, como uma droga de fato, como a maconha e seu estado relaxante, ou a cocaína e sua inquietação, e assim por diante.
Sem apologia as drogas, e sim, apologia ao amor.
Eu que sou viciada nesse sentimento que muitas vezes pode ser mortal, te levar ao fundo do poço, e te deixar sem grana, ele não faz mal a saúde física, mas sim a mental, e acima de tudo a emocional.
Viciante, intenso, essa droga sim é a melhor droga que já possa experimentar.
Muitos sentem medo de amar, mas esticam linhas na vertical, e nem sabem como é bom sentir o frio na barriga, o primeiro beijo, o abraça carinhoso, o primeiro sexo com a pessoa por quem cultivamos esses cogumelos alucinógenos com corações vermelhos ao redor.
Bom fosse se nos vivêssemos mais em sentimentos, em paixões, em livros, em músicas.
Assim não perderíamos jovens para o crack e outras drogas malévolas.
Quero me dopar de paixão, cheirar o seu perfume, me embriagar com seu carinho, inspirar tudo de bom que ele tem pra me dar.
Ele por quem nasci fissurada e viciada, ele que não tem clínica de reabilitação, e nem tratamento para desintoxicação, ele que me eleva, me transporta, para qualquer lugar, sem ao menos me tirar do lugar.
Ele, apenas dele quero usufruir, e se algum dia me arrepender de ter usado tanto dessa droga, que me apareça outra que me dê os mesmos efeitos colaterais, e que não aja química nela, pois ai perderá toda a loucura da realidade.