Fevereiro de 2011.
Carnaval chegando e a morte já esta atacando.
Como meu trabalho diário, eu ligo para as funerárias e busco os óbitos do dia.
Até ai tudo certo, o mais incerto é a quantidade de almas que foram levadas nessas últimas semanas.
E o espanto não é só meu, os agentes funerários também estão impressionados.
O que anda acontecendo por aqui?
Ai na lua anda tudo bem? Em Marte também?
Por aqui a coisa ta preta, sim senhor seu Chico Buarque de Holanda.
Nasce um, morre três, e não é apenas “morte natural”, pessoas têm se tirado a vida no ápice dos seus vinte e poucos anos.
Adolescentes perdem o melhor da juventude em curvas nas rodovias mais escuras da serra.
E me pego pensando em como seria meu próprio funeral, e isso não é nada agradável.
Não sou Deus, não posso decidir isso, mas tem muitos que decidem sim, mas apontar uma arma para mim mesma seria muita arrogância da minha parte, não seria tão covarde assim.
A vida e suas surpresas, a morte e suas certezas.
Apenas fotos pra lembrar de pessoas que algum dia deram um sorriso sincero, que foram amadas e amaram profundamente.
Apenas lembranças, apenas memórias, que algum dia também vão se transformar em pó.
Mas o Carnaval vem aí, e mais uma carnificina será mostrada a imprensa, mas só depois que a maior festa “cultural” brasileira acabar, aliás, ninguém quer estragar a festa dos foliões, não é mesmo?
O restante da desolação humana vem depois de nove meses, mas até lá, muitos mais terão perdido a vida mesmo, nem podemos nos estressar com isso.
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Exatamente... o governo prefere ver milhares de pessoas morrerem do que estragar a folia de outros milhares de foliões... e sem falar nas meninas que aparecem grávidas...
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